Produzido por: Alex Pedroza e Eduarda Cavalcanti, profissionais voluntários na área da comunicação – 2024.
Renais do Cariri
A Associação dos Amigos e Pacientes Renais do Cariri foi fundada por Antonio Aroldo Araujo Barbosa, no dia 1º de abril de 2003. Conhecida como “Renais”, a instituição é sem fins lucrativos e de utilidade pública municipal (Lei nº 2772, de 19 de novembro de 2003), sendo idealizada por um paciente renal para atender outros pacientes na mesma condição. Seu principal objetivo é facilitar o processo de inclusão de pacientes em hemodiálise na lista de espera por um rim, para isso, tomou forma de “Clínica de Especialidades Renais do Cariri”.
Atualmente, a sede da associação está localizada em um amplo espaço na antiga “Rua das Mangueiras” (João Alves de Souza), no bairro Santo Antônio, em Juazeiro do Norte – CE, onde são realizados atendimentos de segunda a sexta-feira, das 8h às 17h, em diversas especialidades da saúde, além de proporcionar suporte jurídico e serviço social. Todos os profissionais que atuam na instituição são voluntários, os quais, de forma humanitária, se solidarizaram com a causa renal e contribuem para a saúde e o bem-estar de muitas pessoas. Também são voluntários: dois jornalistas na área da comunicação e os membros do Conselho Fiscal e Diretoria, compostos, exclusivamente, por pacientes renais em hemodiálise ou transplantados.
Para começo de conversa...
Em maio de 1995, Aroldo foi diagnosticado com insuficiência renal crônica e iniciou um tratamento conservador que evitou a diálise durante dois anos. No entanto, em 1997, precisou começar a hemodiálise. Quando soube que a melhor opção seria o transplante, seu irmão, Fernando Sávio Araujo Barbosa, prontamente se dispôs a doar um rim. O processo foi rápido, e, em poucos meses, o transplante foi realizado no Hospital Geral de Fortaleza (HGF), proporcionando a Aroldo maior segurança e qualidade de vida, sem comprometer a saúde de seu doador.
Em 2003, Dr. Valencio Pereira de Carvalho, vendo a atuação de Aroldo em prol dos pacientes renais que buscavam por um transplante, o aconselhou a fundar uma associação. Os amigos, que foram companheiros de diálise de Aroldo, Ronaldo Santana Duarte e Jânio Amorim dos Santos já vinham no processo de pré-transplante e foram os que pediram ajuda para conseguir transplantar, os primeiros que Aroldo acompanhou. Nesse espaço de tempo, Dr.ª Andrea Maia Landim, que estava no cargo de diretora da Unidade Mista César Cals (SANDU), teve a coragem necessária para abraçar a causa, compreender sobre o processo de transplante e orientar Aroldo para a fundação de uma associação.
Aroldo começou a conversar sobre o assunto com sua esposa, Maria do Socorro Ribeiro Barbosa; com a diretora do SENAC, onde trabalhava, Raimunda Gonçalves de Oliveira (Raimundinha); com o amigo Dr. Júlio Vieira Brandão; e com os pacientes Ronaldo Santana Duarte e Jânio Amorim dos Santos. Logo foi marcada uma reunião para apresentar a proposta de fundação da Associação dos Amigos e Pacientes Renais do Cariri. Pela Imprensa, através de João Hilário Coêlho Correia e Murilo Siqueira, foram convidados pacientes renais, membros do SENAC, amigos, familiares, toda a comunidade. A reunião ocorreu no auditório do SENAC, no bairro São Miguel (Juazeiro do Norte), às 17h do dia 1 de abril de 2003. O objetivo era informar a todos sobre as dificuldades enfrentadas pelos pacientes renais até o transplante. A ideia da associação foi bem aceita, daí foram sugeridos membros para compor a diretoria, e esses foram aprovados por unanimidade. A partir de então, foram listadas decisões a serem tomadas e o caminho a percorrer na conquista pelos direitos dos pacientes renais.
Antonio Aroldo, protagonista da Renais
Antonio Aroldo Araujo Barbosa nasceu no dia 25 de fevereiro de 1965, no Hospital São Francisco, na cidade do Crato – CE. Ainda jovem, passou a morar em Juazeiro do Norte. Casou-se em 7 de janeiro de 1989 com sua (atual) esposa, Maria do Socorro Ribeiro Barbosa, união que lhes trouxe três filhos: Débora Ysis Ribeiro Barbosa, graduada em Zootecnia; Victon Vinicius Ribeiro Barbosa e Haroldo Ytalo Ribeiro Barbosa, ambos cursando Medicina fora do estado. Em 2023, Débora deu à luz a primeira neta de Aroldo e Socorro, Helena Maria, um pacotinho de amor que leva alegria por onde passa.
Desde que se tornou paciente renal crônico, Aroldo vivenciou e pôde observar as dificuldades enfrentadas no percurso da hemodiálise até o transplante: barreiras sociais, físicas, psicológicas, geográficas (…) impostas à pessoa dialítica. A hemodiálise foi um momento delicado em sua vida, ele relata que era assustadora a experiência devido à falta de conhecimento sobre o procedimento e o processo. Realizava três sessões de diálise por semana, com duração de quatro horas cada uma; enfrentava picos de hipertensão, episódios frequentes de náusea e tontura. Muitas vezes se questionava se veria o dia seguinte (o que é experenciado pela grande maioria dos pacientes renais).
Quando soube que seu ‘mano’ precisaria de um transplante para ter de volta sua liberdade e maior longevidade, Fernando Sávio Araujo Barbosa, não pensou duas vezes em se voluntariar e doar o rim ao seu irmão. E assim fez, devolvendo qualidade de vida a Aroldo, tão grato pelo gesto de solidariedade e amor. Após o transplante Aroldo não se esqueceu de seus companheiros de diálise- ele sabia que os problemas continuavam existindo e pessoas continuavam sofrendo. Movido por tamanha empatia, fazia o que fosse preciso para ajudar pacientes: atitude que levou Dr. Valencio a incentivar que Aroldo fundasse uma associação- ideia que recebeu o apoio de Dr.ª Andrea Maia Landim, que na época estava como diretora da Unidade Mista César Cals (SANDU) e contribuiu para a fundação efetiva da Associação dos Amigos e Pacientes Renais do Cariri em 2003.
Vídeo produzido por estagiários do curso de Jornalismo da Universidade Federal do Cariri – 2023.